quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

valor cobrado pelo personal trainer

Sei que corro o risco de ser uma voz solitária, mas preciso me manifestar com relação aos valores cobrados pelos personal trainers da cidade do rio de janeiro. Diferentemente de quase todos os profissionais que conheço e, com os quais já conversei a respeito, não concordo com uma padronização de valores. Entendo o ponto de vista dos meus amigos, mas não sou ressonante com relação à formação de um Cartel. Um profissional liberal tem o direito de cobrar o valor que ele acredita ser o justo para o serviço que ele oferece. Alem disso, cada um sabe onde lhe aperta o sapato. Em outras palavras, um determinado profissional pode, por dificuldades financeiras, necessitar de um influxo rápido de dinheiro e, para tentar apagar seu incêndio financeiro, cobrar valores abaixo do mercado. Tenho certeza que ele gostaria de estar cobrando mais pelo seu serviço, mas o receio do fantasma das dividas exige dele outra postura. Que direito tenho eu de interferir na luta pela sobrevivência de um colega de profissão? E, aos que não concordam comigo, eu gostaria de lembrar que sempre haverá publico para todos. Assim como existem clientes que buscam um personal mais barato, há, igualmente, os que se negam a contratar os serviços de alguém que cobre um valor abaixo do mercado, já que há sempre aquela desconfiança: “o barato sai caro” ou “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. Sendo assim, sou a favor do livre comercio, mas, como disse anteriormente, compreendo quem não comungue com a minha opinião. Só peço que reflitam um pouco nessas minhas palavras pois, um dia, vocês podem ser o personal que necessitará urgentemente de dinheiro e se verá obrigado a reduzir seu preço. Tenho um telhado de vidro sim, pois já me vi nessa situação, chegando até a dar aula de graça. Garanto a vocês que eu não estava feliz, mas precisava muito. Portanto, só reflitam antes de atirar a próxima pedra.

domingo, 19 de junho de 2011

Ácido lático: herói ou vilão?

O ácido Lático é considerado, por muitos, como o grande vilão da atividade física, mas, na verdade, não é bem assim. Tentarei, neste texto, desmistificar essa crença.


O ácido Lático é o produto final da Glicólise anaeróbia, ou seja, da transformação da molécula de glicose em energia. Portanto, estamos sempre o produzindo. Em repouso ou em atividades aeróbias, a capacidade de remoção consegue conter o seu aumento deletério. Já, em atividades de alta intensidade, a quantidade produzida é maior do que a capacidade de removê-lo. Antes de mais nada, se faz necessário um esclarecimento. O produto final da Glicólise anaeróbia é o acido lático. Entretanto, este, por ser um ácido instável, rapidamente perde um íon hidrogênio, transformando-se em Lactato, que é a base conjugada do ácido Lático (POWERS & HOWLEY, 2009). Na verdade, o fator limitante das atividades de alta intensidade não é o Lactato, é o ion hidrogênio, que torna o meio interno ácido, inibindo, assim, enzimas que têm como objetivo a conversão da glicose em energia. Além desse efeito, o Lactato também inibe a utilização da gordura como fonte de energia (fato não desejado pelas pessoas que fazem atividade física com intuito de emagrecer). Entretanto, o Lactato, ou se preferirem, o ácido Lático, também tem efeitos benéficos. Ele é capaz de aumentar a produção do hormônio do crescimento (GH), por exemplo. O GH é um hormônio anabólico e também tem uma função lipolítica, ou seja, “queimadora” de gordura. Além deste, o Lactato também é estimulador de outro hormônio anabólico, a Testosterona. Devido a esse fator endócrino-estimulante, tem se procurado aumentar sua produção durante as sessões de musculação. Um método idealizado em 2000, mas ainda não difundido, chamado Oclusão vascular, consegue um aumento na produção do Lactato, através da utilização de um garrote amarrado no membro treinado que, por sua vez, reduz a circulação sanguínea durante a execução do exercício. Portanto, podemos perceber que o Lactato realmente é um fator limitante na manutenção de uma atividade intensa, mas, ao mesmo tempo, é um potente aliado da hipertrofia. Cabe ao preparador físico saber manipula-lo da melhor maneira, maximizando seu efeito anabólico e mitigando seu efeito inibidor de atividade.

Cabe aqui salientar que há outros efeitos positivos e negativos do Lactato, mas meu objetivo não foi citar todos, apenas acender uma luz.

Como dica, há no mercado americano um suplemento que é capaz de reduzir o aumento do estoque de Lactato muscular durante a atividade. Assim, pode-se realizar um maior trabalho muscular, ou seja, um maior numero de repetições ou utilizar uma carga mais elevada, sem que haja um aumento proporcional de Lactato. Esse suplemento tem na sua formula uma substancia chamada Beta alanina que é um dos responsáveis pelo tamponamento (redução) do Lactato intramuscular.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Circunferência abdominal x saúde

Cada vez mais a atividade física tem sido considerada fundamental para a prevenção e manutenção da saúde. Dentre os muitos benefícios oriundos do exercício orientado, está o controle ponderal, ou, em outras palavras, o controle da gordura corporal. Dos vários locais de deposito do tecido adiposo, um é considerado potencializador de varias doenças, como: hipertensão, diabetes e problemas coronarianos.

Muito se fala a respeito nos mais diversos meios de comunicação. Alguns usam como parâmetro o IMC (índice de massa corporal) que apesar de ser um razoável parâmetro pra pessoas inativas, perde sua validade para grupos de participantes de atividades físicas. Outra medida muito difundida é da circunferência abdominal. Acontece que, esmiuçando a literatura, percebemos um grande numero de marcadores para fatores de risco baseados nas medidas de cintura e abdome. Dentre eles:

Circunferência da cintura (menor medida do tronco)

Referencia e medidas

• ACSM - 102 cm para Homem e 88 cm para Mulher

• Wilmore and Costill, 2004 - 102 cm para Homem e 88 cm para Mulher

• OMS - 94 cm para Homem e 80 cm para Mulher

• Pitanga e Lessa, 2005 (Feito com moradores de Salvador) - 88 cm para Homem e 83 cm para Mulher


Circunferência do abdome (medida feita no umbigo)

Referencia e medidas

• IDF – international diabetes federation ( população latina) - 90 cm para Homem e 80 cm para Mulher

• ATP III – adult treatment panel - 102 cm para Homem e 88 cm para Mulher


Indicadores antropométricos em outras populações

Países e medidas

• Japão - 84 cm de cintura para Homem e 72 cm Para Mulher

• China - 85 cm de cintura para Homem e 80 cm para Mulher

• Taiwan - 80,5 cm de cintura para Homem e 71,5 cm para Mulher

• India - 85 cm de cintura para Homem e 80 cm para Mulher


Como se pode observar, os valores são bastante dispares, com sua variação sendo dependente do publico utilizado para a pesquisa. Dentre estes, o mais utilizado no meio cientifico internacional é o padrão do colégio americano de medicina do esporte (ACSM). Entretanto, os valores mais pertinentes a nós brasileiros são: do IDF, que utilizou uma população latina e de Pitanga e Lessa que utilizaram moradores do estado da Bahia. Particularmente, acho que uma medida mais real deveria levar em consideração a estrutura óssea do individuo, ou seja, estatura e tamanho de quadril. Mas de qualquer forma, para alcançar um percentual de gordura desejável, seja objetivando a estética ou a saúde (ou ambos, de preferência), continua valendo a boa e velha matemática: gastar mais do que ingerir.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

mudança corporal - mudança comportamental

Estar bem com o seu próprio corpo é algo fundamental, não há dúvida sobre isso. Acontece que temos que, primeiramente, almejar objetivos alcançáveis. Não adianta idealizar um padrão de beleza que não se assemelha com o nosso biotipo. Esta busca inglória só causa frustração. Temos, sim, que buscar o melhor físico que nossa genética permite. E a melhor maneira de alcançarmos o melhor do nosso potencial genético é através da mudança de comportamento. Através da modificação do padrão alimentar e incorporando uma atividade física, seja ela qual for, na maioria dos dias da semana, somos capazes de alcançar o nosso eu melhor. Mas devemos fazer esta mudança sem esperar por resultados imediatos, pois, invariavelmente, eles não virão com a velocidade que desejamos e, assim, nos frustramos. E a frustração pode levar a desistência.


Um ponto crucial na mudança de uma estética corporal, negligenciada por muitos praticantes de atividade física e, até, por profissionais da área, é uma medição (avaliação funcional) periódica. E essa periodicidade deve ser, se possível, de 2 em 2 meses, ou menos. É através da análise das medidas que poderemos perceber se o trabalho está no caminho certo e fazer uma prospecção para quando e se poderemos alcançar os objetivos previamente estabelecidos. A medição não precisa ser, necessariamente, minuciosa e feita por um profissional de educação física. Pode-se utilizar de outros meios, como por exemplo:
 - verificar a mudança do furo do cinto, adquirir uma bermuda ou calça de botão, apenas para usá-las de tempos em tempos;
 - encontrar um sinal na coxa e/ou braço e medir com uma fita métrica;
 - até, a própria balança, que se utilizada, levando em conta que ela quantifica o peso total, não distinguindo músculo de gordura, é um excelente meio para percebermos uma mudança estética.

Porque o espelho e a opinião de alguém que convive conosco não são bons parâmetros? Pelo fato de, tanto num caso quanto no outro, se comparar o dia atual com a lembrança do dia anterior. Como a mudança que é possível de ocorrer em um dia não é perceptível ao olho humano, não observamos nenhuma. Hoje nos comparamos com a lembrança de ontem, amanhã, com as de hoje, e assim por diante. Por isso, muitas pessoas demoram para perceber, por exemplo, que estão engordando. Quando percebem, já adquiriram muitos quilos.

Um último ponto que gostaria de comentar, é com relação à escravidão da estética perfeita. Devemos, sim, modificar padrões de comportamento, buscando uma vida mais ativa e uma alimentação mais saudável. Mas devemos, sobretudo, aproveitar os momentos especiais que a vida nos proporciona. Se por exemplo, você está numa viagem e alimentos e bebidas típicas ou não, o rodeiam e o aterrorizam, carpe diem (aproveitem o dia), let it go (deixem rolar). Cada momento é único nessa vida. Por isso, aproveite todos, ao máximo. O que engorda, afinal, não é a exceção, é a regra. Enjoy the life!!