domingo, 19 de junho de 2011

Ácido lático: herói ou vilão?

O ácido Lático é considerado, por muitos, como o grande vilão da atividade física, mas, na verdade, não é bem assim. Tentarei, neste texto, desmistificar essa crença.


O ácido Lático é o produto final da Glicólise anaeróbia, ou seja, da transformação da molécula de glicose em energia. Portanto, estamos sempre o produzindo. Em repouso ou em atividades aeróbias, a capacidade de remoção consegue conter o seu aumento deletério. Já, em atividades de alta intensidade, a quantidade produzida é maior do que a capacidade de removê-lo. Antes de mais nada, se faz necessário um esclarecimento. O produto final da Glicólise anaeróbia é o acido lático. Entretanto, este, por ser um ácido instável, rapidamente perde um íon hidrogênio, transformando-se em Lactato, que é a base conjugada do ácido Lático (POWERS & HOWLEY, 2009). Na verdade, o fator limitante das atividades de alta intensidade não é o Lactato, é o ion hidrogênio, que torna o meio interno ácido, inibindo, assim, enzimas que têm como objetivo a conversão da glicose em energia. Além desse efeito, o Lactato também inibe a utilização da gordura como fonte de energia (fato não desejado pelas pessoas que fazem atividade física com intuito de emagrecer). Entretanto, o Lactato, ou se preferirem, o ácido Lático, também tem efeitos benéficos. Ele é capaz de aumentar a produção do hormônio do crescimento (GH), por exemplo. O GH é um hormônio anabólico e também tem uma função lipolítica, ou seja, “queimadora” de gordura. Além deste, o Lactato também é estimulador de outro hormônio anabólico, a Testosterona. Devido a esse fator endócrino-estimulante, tem se procurado aumentar sua produção durante as sessões de musculação. Um método idealizado em 2000, mas ainda não difundido, chamado Oclusão vascular, consegue um aumento na produção do Lactato, através da utilização de um garrote amarrado no membro treinado que, por sua vez, reduz a circulação sanguínea durante a execução do exercício. Portanto, podemos perceber que o Lactato realmente é um fator limitante na manutenção de uma atividade intensa, mas, ao mesmo tempo, é um potente aliado da hipertrofia. Cabe ao preparador físico saber manipula-lo da melhor maneira, maximizando seu efeito anabólico e mitigando seu efeito inibidor de atividade.

Cabe aqui salientar que há outros efeitos positivos e negativos do Lactato, mas meu objetivo não foi citar todos, apenas acender uma luz.

Como dica, há no mercado americano um suplemento que é capaz de reduzir o aumento do estoque de Lactato muscular durante a atividade. Assim, pode-se realizar um maior trabalho muscular, ou seja, um maior numero de repetições ou utilizar uma carga mais elevada, sem que haja um aumento proporcional de Lactato. Esse suplemento tem na sua formula uma substancia chamada Beta alanina que é um dos responsáveis pelo tamponamento (redução) do Lactato intramuscular.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Circunferência abdominal x saúde

Cada vez mais a atividade física tem sido considerada fundamental para a prevenção e manutenção da saúde. Dentre os muitos benefícios oriundos do exercício orientado, está o controle ponderal, ou, em outras palavras, o controle da gordura corporal. Dos vários locais de deposito do tecido adiposo, um é considerado potencializador de varias doenças, como: hipertensão, diabetes e problemas coronarianos.

Muito se fala a respeito nos mais diversos meios de comunicação. Alguns usam como parâmetro o IMC (índice de massa corporal) que apesar de ser um razoável parâmetro pra pessoas inativas, perde sua validade para grupos de participantes de atividades físicas. Outra medida muito difundida é da circunferência abdominal. Acontece que, esmiuçando a literatura, percebemos um grande numero de marcadores para fatores de risco baseados nas medidas de cintura e abdome. Dentre eles:

Circunferência da cintura (menor medida do tronco)

Referencia e medidas

• ACSM - 102 cm para Homem e 88 cm para Mulher

• Wilmore and Costill, 2004 - 102 cm para Homem e 88 cm para Mulher

• OMS - 94 cm para Homem e 80 cm para Mulher

• Pitanga e Lessa, 2005 (Feito com moradores de Salvador) - 88 cm para Homem e 83 cm para Mulher


Circunferência do abdome (medida feita no umbigo)

Referencia e medidas

• IDF – international diabetes federation ( população latina) - 90 cm para Homem e 80 cm para Mulher

• ATP III – adult treatment panel - 102 cm para Homem e 88 cm para Mulher


Indicadores antropométricos em outras populações

Países e medidas

• Japão - 84 cm de cintura para Homem e 72 cm Para Mulher

• China - 85 cm de cintura para Homem e 80 cm para Mulher

• Taiwan - 80,5 cm de cintura para Homem e 71,5 cm para Mulher

• India - 85 cm de cintura para Homem e 80 cm para Mulher


Como se pode observar, os valores são bastante dispares, com sua variação sendo dependente do publico utilizado para a pesquisa. Dentre estes, o mais utilizado no meio cientifico internacional é o padrão do colégio americano de medicina do esporte (ACSM). Entretanto, os valores mais pertinentes a nós brasileiros são: do IDF, que utilizou uma população latina e de Pitanga e Lessa que utilizaram moradores do estado da Bahia. Particularmente, acho que uma medida mais real deveria levar em consideração a estrutura óssea do individuo, ou seja, estatura e tamanho de quadril. Mas de qualquer forma, para alcançar um percentual de gordura desejável, seja objetivando a estética ou a saúde (ou ambos, de preferência), continua valendo a boa e velha matemática: gastar mais do que ingerir.