domingo, 29 de agosto de 2010

beber água gelada emagrece

Beber água gelada emagrece. Apesar desta informação ser encontrada com alguma facilidade na internet, não a encontrei em fontes cientificas. Independentemente de eu não estar me respaldando em nenhum trabalho científico, quero, aqui, defender esta tese. Se nos reportarmos aos ensinamentos da Física do segundo grau, uma caloria é, aproximadamente, a energia necessária para aumentar em 1 grau, um grama de água. Somado a esta informação, é sabido que a temperatura do corpo humano precisa manter-se estável em aproximadamente 37 graus para que as reações enzimáticas possam ocorrer de maneira adequada. Portanto, se ingerirmos uma determinada quantidade de liquido que esteja com uma temperatura inferior a 37 graus, será necessário que o corpo faça um ajuste de temperatura, aquecendo este liquido para que o contrário não aconteça, ou seja, o liquido resfrie o corpo. E esse mecanismo é feito através de um aumento de metabolismo momentâneo, o que ocasiona em gasto calórico. Vejamos este processo em números.


Ao beber 500 ml (473,18 g) de água a 5 graus, o corpo terá de gastar uma caloria para cada grama de água aumentar 1 grau de temperatura, ou seja:

473,18 gramas x 32 graus = 15.142 calorias.

Obs: o valor de 32 graus é a subtração da temperatura corporal menos a temperatura da água.

15.142 calorias parece um numero muito alto? Infelizmente, quando falamos, no nosso dia-a-dia, em quantidade de calorias em um determinado alimento ou quantidade de calorias gasta numa determinada atividade, na verdade falamos em kilocalorias, ou seja, um bombom não tem 113 calorias e sim 113.000 cal, ou 113 kcal. Portanto, na verdade, as 15.142 calorias gastas ao beber meio litro de água, são apenas 15 calorias. Parece pouco, mas se bebermos os 2 litros recomendados, serão 60 calorias. Em uma semana serão 420 calorias. Acha pouco? Equivale a 52 minutos na esteira, com uma intensidade de moderada a alta (70% do VO2max), para uma jovem ativa de 55kg . Não sei quanto a você, mas eu prefiro queimar 420 calorias bebendo uma limonada super gelada à beira da piscina.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dormir no escuro emagrece

Emagrecer. Tarefa, ao mesmo tempo, fácil e difícil. Salvo os casos de distúrbio hormonal, emagrecer é um simples caso de aritmética.


Fácil por que: para reduzir o percentual de gordura, basta gastar mais do que se ingere.

Difícil por que: vencer, diariamente, as tentações alimentares, é uma tarefa que exige muita disciplina e força de vontade.

Além disso, a contagem de calorias gastas e consumidas nos mostra que esta é uma batalha árdua demais para simples mortais. Vide o exemplo a seguir: Para uma jovem ativa de 55kg queimar as 113 calorias de um bombom, são necessários 15 minutos de esteira com uma intensidade de moderada a alta (70% do VO2max). Ou seja, o que se demoram segundos para consumir, é necessário 1/4 de hora para queimar. Devido a isso, torna-se fundamental um mosaico de dicas, que, em separado, são infrutíferas, mas que, unidas, podem fazer a diferença entre emagrecer ou não. Uma informação muito relevante, mas desconhecida para a grande maioria das pessoas, é que podemos emagrecer enquanto dormimos. Isso acontece porque, durante o sono, liberamos um hormônio que é lipolítico, ou seja, queimador de gorduras. O nome deste hormônio é GH (growth hormone). Entretanto, este hormônio pode ter sua secreção deprimida por alguns fatores, dentre eles, a luz (seja de um abajur ou da televisão). Isso acontece porque a luz penetra na retina e esta tem uma ligação com a glândula pineal que é a responsável pela secreção da melatonina que por sua vez controla a secreção do Gh pela glândula hipófise. Seguindo este raciocínio, para os casados que têm um conjugue que gosta de dormir com a TV ou alguma luz acesa, basta colocar uma mascara nos olhos e se preparar para um sono “lipoaspirador”.

sábado, 7 de agosto de 2010

alongamento estático x dinâmico

Assim como na vida, na educação física as coisas acontecem em ciclos. Verdades absolutas vêm e vão. Algo que era, deixa de ser, para, depois, voltar a ser. Como o estudo do corpo humano não é uma ciência exata, essas verdades estão em constante estado de troca. Com a crescente utilização da tecnologia no estudo da ciência do treinamento, maior torna-se a velocidade dessas trocas de certezas. Um exemplo muito atual desta quebra de paradigmas é a melhor maneira de se prescrever o alongamento prévio a uma atividade com foco na performance. Outrora, esta prescrição era feita de forma dinâmica (balística) e, posteriormente, passou a ser estática. Até bem pouco tempo, o alongamento balístico era considerado lesivo devido às contrações sucessivas estimuladas pelo fuso muscular (reflexo miotático). Hoje em dia presenciamos, ainda que apenas na literatura, o ressurgimento do alongamento dinâmico. Este ressurgimento ainda se encontra em um estado quase que embrionário, devido à enorme barreira construída por décadas de exaltação do alongamento estático. Cabe ao profissional de educação física a disseminação deste “novo” conceito. O alongamento estático não é recomendável previamente a uma atividade desportiva devido ao seu efeito deletério na performance. Inúmeros autores já investigaram a redução da potencia e da força posteriormente a exercícios de alongamento, dentre eles pode-se citar: Kokkonen et al.(1998); Avela et al.(1999); Fletcher & Jones (2004). Já o alongamento dinâmico não carrega consigo estes efeitos indesejados para atletas e treinadores. Ele é capaz de preparar a musculatura para o esforço que virá a seguir, sem, com isso, mitigar a potencia e força, valências tão fundamentais na maioria dos esportes. Alem disso, o alongamento estático não pode ser considerado como uma forma de aquecimento, como bem comentou Rubini (2010). Devido a esta constante mudança de certezas, torna-se cada vez mais primordial a constante atualização dos profissionais ligados a saúde já que amanhã novos estudos poderão desmentir essas palavras recém escritas por este autor.

É importante alongar antes?

O alongamento prévio à atividade física tem sido um fato comum e encorajado pelos profissionais de educação física. A crença de que a execução de exercícios de alongamento antes do inicio da pratica desportiva, seja ela recreacional ou competitiva, previne ou reduz o risco de lesões musculares, sempre esteve muito arraigada no meio da educação física. Entretanto, nos últimos anos, esta prática empírica tem sido questionada por muitos autores ao redor do mundo, por exemplo: Simão e colaboradores (2003) e Herbert e Gabriel (2002). Apesar de recomendada por muitos autores e instituições renomados, como por exemplo: ACSM (1998); Weineck (2003); Alter (1999); Bean (1999) e Achour (1996), faltavam dados científicos que ratificassem esta crença. A ciência do treinamento desportivo tem evoluído muito rápido e, com esta evolução, muitos conceitos têm sido modificados nos últimos anos. Um deles foi com relação à necessidade de se alongar antes do inicio da atividade física. Um autor australiano, Robert Peter Pope, realizou 2 estudos bem interessantes com o exercito do seu pais, um em 1998 e o outro em 2000. Neles, não foram encontradas diferenças significativas no numero de lesões no grupo de soldados que alongou e o que não alongou antes das praticas diárias de exercícios. Este trabalho deu inicio a quebra de um paradigma. Apesar de antigos, a conclusão destes trabalhos não alcançou a grande massa de praticantes e treinadores, possivelmente devido à não tradução para o português dos mesmos. Acontece que, em pleno ano de 2010, este autor permanece sendo, de acordo com Rubini (2010), a única referencia para a não prescrição dos alongamentos como parte integrante da preparação para a atividade fisica. Este fato é intrigante e nos leva a questionar tais achados. Ao analisarmos seu segundo estudo, que utilizou um numero aproximadamente 50% maior de sujeitos que o primeiro, verificamos que ele contabilizou os mais variados tipos de lesão (fratura por estresse, entorse do tornozelo, bursite, entre outros). Acontece que quando se prescreve o alongamento, pensa-se em reduzir o risco de lesões musculares e não de fratura no calcâneo ou na tíbia, por exemplo. O numero de lesões encontradas neste trabalho foi de 175 para o grupo que não alongou e de 158 para o grupo que alongou. Se retirássemos apenas as fraturas por estresse desta estatística, a soma seria de 151 para o grupo que não alongou e 126 para o que alongou, ou seja, uma diferença de 16,5%. Mais ainda, se analisarmos apenas as lesões musculares na coxa, a diferença foi de 10 lesões para o grupo que não alongou, contra apenas duas para o grupo que alongou. Baseado nestes dados, torna-se necessário novos estudos antes de batermos o martelo com relação à abolição do alongamento prévio a atividade física.