sábado, 7 de agosto de 2010

É importante alongar antes?

O alongamento prévio à atividade física tem sido um fato comum e encorajado pelos profissionais de educação física. A crença de que a execução de exercícios de alongamento antes do inicio da pratica desportiva, seja ela recreacional ou competitiva, previne ou reduz o risco de lesões musculares, sempre esteve muito arraigada no meio da educação física. Entretanto, nos últimos anos, esta prática empírica tem sido questionada por muitos autores ao redor do mundo, por exemplo: Simão e colaboradores (2003) e Herbert e Gabriel (2002). Apesar de recomendada por muitos autores e instituições renomados, como por exemplo: ACSM (1998); Weineck (2003); Alter (1999); Bean (1999) e Achour (1996), faltavam dados científicos que ratificassem esta crença. A ciência do treinamento desportivo tem evoluído muito rápido e, com esta evolução, muitos conceitos têm sido modificados nos últimos anos. Um deles foi com relação à necessidade de se alongar antes do inicio da atividade física. Um autor australiano, Robert Peter Pope, realizou 2 estudos bem interessantes com o exercito do seu pais, um em 1998 e o outro em 2000. Neles, não foram encontradas diferenças significativas no numero de lesões no grupo de soldados que alongou e o que não alongou antes das praticas diárias de exercícios. Este trabalho deu inicio a quebra de um paradigma. Apesar de antigos, a conclusão destes trabalhos não alcançou a grande massa de praticantes e treinadores, possivelmente devido à não tradução para o português dos mesmos. Acontece que, em pleno ano de 2010, este autor permanece sendo, de acordo com Rubini (2010), a única referencia para a não prescrição dos alongamentos como parte integrante da preparação para a atividade fisica. Este fato é intrigante e nos leva a questionar tais achados. Ao analisarmos seu segundo estudo, que utilizou um numero aproximadamente 50% maior de sujeitos que o primeiro, verificamos que ele contabilizou os mais variados tipos de lesão (fratura por estresse, entorse do tornozelo, bursite, entre outros). Acontece que quando se prescreve o alongamento, pensa-se em reduzir o risco de lesões musculares e não de fratura no calcâneo ou na tíbia, por exemplo. O numero de lesões encontradas neste trabalho foi de 175 para o grupo que não alongou e de 158 para o grupo que alongou. Se retirássemos apenas as fraturas por estresse desta estatística, a soma seria de 151 para o grupo que não alongou e 126 para o que alongou, ou seja, uma diferença de 16,5%. Mais ainda, se analisarmos apenas as lesões musculares na coxa, a diferença foi de 10 lesões para o grupo que não alongou, contra apenas duas para o grupo que alongou. Baseado nestes dados, torna-se necessário novos estudos antes de batermos o martelo com relação à abolição do alongamento prévio a atividade física.

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