sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Puxadas e suas variações


Já há algum tempo a eletromiografia vem sendo utilizada como ferramenta de estudo da função muscular, sendo assim, a analise das variações dos exercícios de musculação fica facilitada. Dentre os tipos de exercícios analisados, temos as Puxadas. Este tipo de exercício foi alvo de poucos, mas relevantes trabalhos na ultima década.

Primeiramente, o foco era analisar se a Puxada por trás era prejudicial ou não para a articulação do ombro. Na época, não houve um consenso. Souto maior (2004), Signorile (2002) e outros, consideravam este um exercício ineficiente e lesivo. Já para Carpenter (2007), realizar a Puxada por trás da cabeça tinha sua validade e ele contestava as explicações para contra indica-la, no seu livro publicado em 2005. Admito que, por muito tempo, concordei com a opinião dele. Hoje em dia, não prescrevo a Puxada por trás da cabeça pelo fato de, em concordância com vários autores, dentre eles, Sperandei (2009), realmente colocar a articulação do ombro em risco (menor atividade do manguito, aumento de tensão ligamentar e menor congruência de superfícies ósseas, pelo fato da articulação não se encontrar num plano escapular).

Esclarecida essa controvérsia, o foco é descobrir qual tipo de Puxada é mais eficiente para o musculo que se tem como alvo nesse tipo de exercício, que é o Latíssimo do Dorso. O clássico trabalho de Signorile (2002), citado por Fleck e Simão (2008) como o mais bem realizado até aquele momento, verificou que a Puxada aberta pela frente da cabeça era o mais eficiente (achado não corroborado por Sperandei  e Carpenter, nos trabalhos citados anteriormente, que não observaram diferença entre as puxadas pela frente e por trás da cabeça) ao se comparar com as demais variações. Nesse trabalho também se verificou que, na Puxada fechada com uma pegada neutra, a atividade elétrica do Peitoral maior era similar a do Latíssimo do Dorso. Outro achado interessante é que a cabeça longa do Tríceps era razoavelmente bem ativada na Puxada aberta. Como fica claro com esses achados, é uma utopia acreditar que podemos segmentar, cegamente, o corpo em Peitoral e tríceps –  Dorsal e Biceps. Não quero dizer que não é possível fazer a clássica divisão em serie A (peito, ombro e tríceps) e serie B (costas, bíceps e perna), apenas que é preciso levar em consideração que muitos exercícios solicitam muitas musculaturas que serão utilizadas no dia seguinte.

Já, Stephen, em 2010, foi mais afundo na investigação e comparou as Puxadas abertas e fechadas,  mas também levando em consideração o tipo de pegada (supinada e pronada). Ele chegou a conclusão que o tipo de Puxada mais eficiente seria a realizada com uma pegada pronada, independentemente da distancia entre as mãos. Com relação à ativação elétrica do Biceps, não foi tão significativa, sendo assim, o autor aconselha a utilização de exercícios isolados para esta musculatura. Fato esse que, pessoalmente, não concordo e tenho como base o próprio trabalho de Carpenter que observou solicitações similares para Latissimo do Dorso, Biceps e Peitoral e a minha vivencia profissional que acho que devo levar em consideração, corroborada por comentários não publicados por  Trindade (2005).

Minha critica ao se analisar os trabalhos citados é que não houve uma padronização na distancia entre as mãos nas pegadas abertas. As mais coerentes, no meu ponto de vista, foram as utilizadas por Signorile e Sperandei. Carpenter não informou a distancia e Stephen utilizou distancias muito similares para as pegadas Aberta e Fechada.

Analisando os trabalhos citados acima e outros que não mereceram destaque nesse artigo, priorizo a Puxada aberta em detrimento das variações das fechadas. As utilizo, obviamente, mas costumo iniciar com a Aberta.

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